O Brasil tem mais do que dobrar os investimentos em infraestrutura nos próximos dez anos se quiser ser competitivo no mercado global.
Além disso, também precisa cortar impostos, formar mais engenheiros, ensinar melhor matemática, mudar a lei trabalhista para não beneficiar “indevidamente” os trabalhadores, e conseguir empréstimos com menos juros, entre outras medidas.
As propostas constam do “Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022”. O estudo foi realizado em nove meses pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com participação de cerca de 500 representantes empresariais, e apresentado nesta terça-feira (21).
O documento faz uma análise dos desafios do país para a próxima década na área industrial e apresenta dez pontos que a CNI considera fundamentais para melhorar a produtividade e a competitividade:
Infraestrutura
Impostos
Financiamento
Ambiente macroeconômico (taxa de investimento)
Educação
Relações de trabalho
Eficiência do Estado
Segurança jurídica e burocracia
Desenvolvimento de mercados (% da indústria na economia)
Inovação e produtividade
Outra previsão feita pelo setor é de que, até 2022, a produtividade média da indústria, que vem crescendo a uma taxa anual de 2,3% nos últimos 20 anos, passe a dar saltos de 4,5% ao ano.
“O grande desafio é elevar os níveis de produtividade e eficiência, atuando nos fatores-chave de competitividade. O Mapa é uma cruzada pela produtividade”, afirma o diretor Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.
Mais do que dobrar gasto com infraestrutura
Segundo o estudo, para ter uma indústria competitiva, o país precisa ter uma rede eficaz de transportes que interligue os diferentes tipos (ferrovias, rodovias, aeroportos), além de oferecer mais energia, alta velocidade de internet (banda larga melhor e mais barata) e serviços de água e esgoto para todos.
Para alcançar esses objetivos, os investimentos em infraestrutura devem passar de 2,05% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 para 5% em 2022, prevê a CNI.
A CNI diz que o Brasil ocupa a 70ª posição no quesito infraestrutura no ranking Global Competitiveness Report 2012-2013, ficando abaixo da média de países similares.
Em alguns essenciais para a economia, o país está ainda pior, segundo esse ranking: qualidade dos portos (135º), aeroportos (134º), rodovias (123º) e ferrovias (100º).
O mesmo relatório coloca o país na 68ª posição no item qualidade do fornecimento de energia elétrica. Além da baixa qualidade, os custos são elevados. A tarifa média de energia elétrica para a indústria do Brasil é quase 50% a mais que a média de um conjunto de 27 países do mundo que possuem dados disponíveis na Agência Internacional de Energia.
A diferença chega a 134% quando se compara o Brasil com outros integrantes do Bric (Rússia, Índia e China).
Zerar tributos que são cobrados cumulativamente
O estudo da CNI pede uma “estrutura tributária simples e transparente”. A meta da indústria é zerar a cumulatividade dos tributos no Brasil. O percentual de impostos com caráter cumulativo passaria de 7,7% do total de tributos em 2011 para 0% em 2022.
Além do fim da cumulatividade, a CNI defende a redução da carga, a desoneração de investimentos e das exportações e simplificação da estrutura tributária.
A carga tributária brasileira, de 35,3% do PIB em 2011, situa-se acima da de países semelhantes, como México (22,1%) e Chile (24,7%), e mais próxima da de países desenvolvidos, como EUA (33,4%), diz a CNI, citando dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Porém, o retorno social dos tributos ainda é baixo em comparação aos países de elevada carga tributária, considera a entidade representativa da indústria.
Fonte: Uol Economia